William Burns disse que o risco de uma escalada não intencional no Oriente Médio se apresenta como "um perigo muito real"
O diretor da CIA, William Burns, disse nesta segunda-feira (7) que o risco de uma escalada não intencional no Oriente Médio se apresenta como “um perigo muito real”, mesmo que os EUA mantenham sua avaliação de que nem o Irã nem Israel “estão procurando um conflito total.”
Israel está “ponderando cuidadosamente como vai responder ao mais recente ataque iraniano com mísseis balísticos”, disse Burns em uma conferência de segurança nacional em Sea Island, na Geórgia, recusando-se a especular sobre qual forma essa retaliação poderia assumir.
“Acho que todos nós estamos bem conscientes das consequências de diferentes formas de ataques e consequências para o mercado global de energia e a economia global,” disse.
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse na semana passada que não apoiaria um ataque de Israel a instalações nucleares iranianas, mas não está claro se os americanos conseguiram persuadir Israel a tirar essa opção da mesa. Os mercados também têm estado em risco devido à possibilidade de que Israel possa optar por atacar instalações petrolíferas no Irã.
O maior risco de escalada, disse Burns, vem de “julgamentos errôneos,” o que ele chamou de “a coisa acontece”.
Sobre o Irã, o líder Supremo continua sendo o “tomador de decisão final”, disse ele. O diretor afirmou que sua agência não detectou “nenhum tipo de mudança dramática de tom por lá.”
Burns também disse tem esperança de que um acordo bem-sucedido possa ser alcançado entre Israel e o Hamas, que poderia resultar na libertação dos reféns vivos restantes. Mas essas negociações, disse ele, “têm empurrado uma pedra muito grande para cima de uma colina muito íngreme.”
“Nós chegamos perto pelo menos algumas vezes, mas tem sido muito difícil de alcançar,” disse ele.
“O presidente deixou bem claro que todos nós continuaremos a fazer tudo o que pudermos, com os olhos bem abertos – aprendi a não ter esperanças sobre esta questão no último ano – mas com uma determinação real, dado o fato de que quando me encontro com as famílias dos reféns, não é apenas angustiante, mas também inspirador, dada a profundidade do seu compromisso com seus entes queridos”, disse.
Entenda a escalada nos conflitos do Oriente Médio
O ataque com mísseis do Irã a Israel no dia 1º marcou uma nova etapa do conflito regional no Oriente Médio. De um lado da guerra está Israel, com apoio dos Estados Unidos. Do outro, o Eixo da Resistência, que recebe apoio financeiro e militar do Irã e que conta com uma série de grupos paramilitares.
São sete frentes de conflito abertas atualmente: a República Islâmica do Irã; o Hamas, na Faixa de Gaza; o Hezbollah, no Líbano; o governo Sírio e as milícias que atuam no país; os Houthis, no Iêmen; grupos xiitas no Iraque; e diferentes organizações militantes na Cisjordânia.
Israel tem soldados em três dessas frentes: Líbano, Cisjordânia e Faixa de Gaza. Nas outras quatro, realiza bombardeios aéreos.
O Exército israelense iniciou uma “operação terrestre limitada” no Líbano no dia 30 de setembro, dias depois de Israel matar o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um bombardeio ao quartel-general do grupo, no subúrbio de Beirute.
As Forças de Defesa de Israel afirmam que mataram praticamente toda a cadeia de comando do Hezbollah em bombardeios semelhantes realizados nas últimas semanas.
No dia 23 de setembro, o Líbano teve o dia mais mortal desde a guerra de 2006, com mais de 500 vítimas fatais.
Ao menos dois adolescentes brasileiros morreram nos ataques. O Itamaraty condenou a situação e pediu o fim das hostilidades.
Com o aumento das hostilidades, o governo brasileiro anunciou uma operação para repatriar brasileiros no Líbano.
Na Cisjordânia, os militares israelenses tentam desarticular grupos contrários à ocupação de Israel ao território palestino.
Já na Faixa de Gaza, Israel busca erradicar o Hamas, responsável pelo ataque de 7 de outubro que deixou mais de 1.200 mortos, segundo informações do governo israelense. A operação israelense matou mais de 40 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas.
O líder do Hamas, Yahya Sinwar, segue escondido em túneis na Faixa de Gaza, onde também estariam em cativeiro dezenas de israelenses sequestrados pelo Hamas.
Fonte:cnnbrasil.com.br